24.07.2024
Além de competências cognitivas, pesquisas já mostraram que o sucesso acadêmico — a possibilidade de prosperar e aprender na escola — também depende do desenvolvimento da autorregulação, da consciência emocional e da habilidade dos estudantes de se relacionarem e trabalharem bem com seus pares.
Nesse contexto, a disciplina positiva –, que se fundamenta na gentileza e na firmeza, não na punição — ganha relevância. Esse modelo percebe a criança como um ser inteiro, com sentimentos complexos e a compreensão de mundo.
“Ela se baseia no princípio de que toda criança pertence e tem significância. Por isso, entende-se que as crianças têm uma conexão e respeito incondicionais dos adultos e se sentem capazes e responsáveis, podendo contribuir constantemente e serem reconhecidas por isso”, diz Tania Terpins, coordenadora pedagógica da Educação Infantil na Beacon School.
Ela explica que essa abordagem tem como alicerce cinco critérios cujas práticas podem ser norteadas pelas seguintes perguntas:
A coordenadora reforça que gentileza e firmeza, “uma sempre ligada à outra, indissociavelmente”, são valores centrais nessa abordagem. “Quando o adulto é somente gentil, mas não firme, rouba-se da criança a possibilidade de se sentir capaz e de poder contribuir ativamente no mundo”, aponta. “Por vezes, acredita-se que ser gentil seria corresponder aos pedidos das crianças ou resgatar e protegê-las de toda frustração. Isso não é ser gentil; é ser permissivo”, diferencia.
Segundo ela, ser gentil significa ser respeitoso com a criança e consigo mesmo. “Mas não é respeitoso constantemente compensar a criança ou privá-la de todas as frustrações para que ela não tenha a oportunidade de se desenvolver a partir delas. É respeitoso validar seus sentimentos e acreditar que ela é capaz de superar a frustração e se fortalecer nesse processo. Dessa forma, buscamos criar com a criança uma educação baseada em conceitos para perdurar durante sua vida.”
Nessa perspectiva, não cabe punição que traz a possibilidade de uma relação baseada em medo, raiva ou disputa de poder. “Somos intrinsecamente mais motivados a cooperar, aprender, ser afetuosos e respeitosos quando somos encorajados”, destaca Tania. “Hoje, estudos e pesquisas já comprovaram que a punição não é eficaz a longo prazo e nem promove as habilidades que buscamos para caminhar de forma autônoma e competente na vida”.
A disciplina positiva é um modelo baseado na psicologia do psiquiatra austríaco Alfred Adler (1870-1937), contemporâneo de Sigmund Freud. Adler compreendia que o comportamento humano é motivado pelo desejo de pertencimento, significância, conexão e valor, influenciado pelas decisões que tomamos sobre nós mesmos, pelos outros e pelo mundo ao nosso redor.
Na educação, as estratégias de sala de aula, inicialmente introduzidas em Viena no início dos anos 1920, foram levadas para os Estados Unidos pelo doutor Rudolf Dreikurs (1897-1972), discípulo de Adler, no final dos anos 1930.
Dreikurs foi um defensor da necessidade de dignidade e respeito mútuo nas relações e falava da coragem de ser imperfeito, já que os erros constituem oportunidades para busca de soluções. “Na época, o que era na maior parte das vezes considerado ‘disciplina’ estava comumente associado à punição”, conta a coordenadora. “A disciplina positiva nasce dos fundamentos de respeito mútuo, busca de entendimento e compreensão do comportamento apresentado, comunicação efetiva e encorajamento na busca de soluções, não punições.”
Em um mundo tomado por redes sociais, em que as relações interpessoais muitas vezes são pautadas pela rapidez e conclusões pouco ponderadas, a disciplina positiva assume um papel ainda mais importante. Ela faz um constante convite à cautela e a à reflexão, valorizando a criança ou adolescente como seres pensantes e responsáveis.
Nesse cenário, o adulto é o condutor dessas conversas para que haja uma discussão construtiva. É imprescindível que as famílias e os educadores tenham comportamentos que reflitam os valores e capacidades que querem passar para as crianças sob seus cuidados.
“É por meio da consistência, contextos favorecedores e adultos de referência que são modelos de comportamentos que a criança consegue desenvolver habilidades como resiliência, autorregulação, comunicação, colaboração, pensamento crítico e criatividade”, salienta Tânia. “Na escola, constantemente, estamos convidando as crianças a ponderarem sobre suas ações para que possam fazer escolhas pessoais e autônomas. É assim que favorecemos a construção dessas habilidades sociais para a vida.”
A noção de autoestima, por exemplo, está ligada à ideia de ser capaz. Nesse sentido, auxiliar nas tarefas diárias da casa, de cuidado pessoal e com os pertences coletivos ajudam as crianças e adolescentes a se sentirem úteis e pertencentes.
A coordenadora cita algumas dicas da Dra. Jane Nelsen, psicóloga e educadora norte-americana, referência na disciplina positiva, para começar:
“O aspecto central é o favorecimento de uma aproximação saudável e respeitosa entre adultos e crianças valorizando o seu crescimento e fomentando respeito e cuidado de ambas as partes. Os vínculos são primordiais para a construção do conhecimento”, finaliza Tania.
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